D. Rosa!

Recentemente tenho me apercebido de que as crianças, mesmo já na primária, apresentam um padrão de comportamento agressivo que ultrapassa todas as barreiras do aceitável! Se antigamente a violência física, nomeadamente entre alunos, era recorrente nos recreios e até socialmente aceite, hoje, os nossos valores anti-contacto físico, transportam os miúdos para um conceito de agressão ainda mais nocivo. Se a violência é uma forma de expressão mal resolvida, que temos de ensinar as crianças a ultrapassar, então como conseguir fazê-lo se a maneira como ela se apresenta é quase transparente e invisível? Muitas vezes, só nos damos conta que um filho nosso ou criança conhecida é alvo de agressões, quando chora pelos cantos e já não consegue esconder o sofrimento. Se um olho negro ou roupa rasgada é denunciadora e prova de que algo está mal, um ataque verbal, psicológico recorrente leva muito tempo a ser desmascarado, ou nunca se descobre. Na passagem da idade pré-escolar, para o ensino básico, as crianças são bombardeadas com uma realidade verbal que não entendem, que memorizam e repetem, sem noção da gravidade do que dizem. A naturalidade com que passam a utilizar esse vocabulário, pelo menos nos recreios, é assustadora e banaliza a falta de educação. Temos de repensar muito bem aquilo que andamos a ensinar às crianças, que comportamentos queremos que eles imitem, que limites lhes damos e até onde podemos aceitar que se insultem gratuitamente no meio escolar.

Este cenário faz-me sentir saudades da Dona Rosa, a minha Professora Primária, que simbolizava a disciplina, com a sua bata branca e olhar forte. Quantas reguadas não levavam hoje em dia meninos da mamã, filhos de gente chique, que antigamente costumavam ser a fina prata das salas de aula!! Coisa impensável nos anos 80, bater no filho do Sr Dr., porque ele disse um palavrão a um colega ou mandou a senhora auxiliar para um certo sítio! No meu tempo as reguadas estavam destinadas a rufias, a rapazes repetentes que nos puxavam os cabelos, nunca a meninas de sabrina!

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