A Pobreza não tem lugar!

Hoje uma criança de oito anos disse-me que não tinha tomado pequeno-almoço, "Não comi nem bebi nada, a minha mãe tem sempre muito sono e não se quis levantar pra me dar de comer". Tive vontade de lhe pegar, apertar com força e chorar sem ninguém ver. Um nó forte apertou-me o estômago perante a pior das pobrezas, a de mentalidade. Nunca uma criança deveria viver com o desprezo e o desleixo de uma mãe. Nem todas têm um adulto que lhes dá o amor verdadeiro: comida, afecto, cuidados e esperança.
Tenho a minha gata ao colo, enquanto escrevo este pequeno desabafo. Até ela teve melhor sorte, neste desígnio tão inexplicável de quem terá e quem sofrerá para ter. Também ela me morde os botões da camisola, na esperança de que lhe dê uma festa e alguma atenção.
Pouco tempo separa a inocência daquela criança e os seus olhos brilhantes, da idade da revolta, do tempo em que ela quererá gritar a sua revolta pela má sorte destinada. Teremos mais um desencantado pela vida, mais um adulto magoado com a infância retalhada. Vou ficar com este aperto aqui durante muito tempo.
A pobreza não tem lugar, não aqui, tão perto de mim.
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